teleconsulta medicina eficaz

Saiba por que a teleconsulta cresce na preferência de médicos e pacientes…

Prática, que permite democratizar acesso a atendimento, deve ganhar novo fôlego com a chegada do 5G.

RIO — A pandemia de Covid-19 provocou uma série de mudanças e exigiu adaptações em diversas áreas. Na saúde, viu-se muito esforço de médicos e cientistas para combater o vírus e encontrar respostas que possibilitassem a prevenção e o tratamento da enfermidade. Um dos caminhos que ganhou força com a crise sanitária foi a telemedicina, permitindo o atendimento remoto de pacientes em distanciamento social.

Pesquisa recente, realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB), apontou que metade dos profissionais brasileiros já aderiram à telemedicina. O levantamento mostrou que 32,1% dos médicos participantes afirmaram realizar teleconsulta com seus pacientes, por conta da pandemia; 25,5%, fazem teleorientação; 9,7%, telemonitoramento ; e 4%, teleinterconsulta. Já 6,2% indicaram praticar todas as opções anteriores.

Isso mostra que a prática foi amplamente adotada pela classe médica — e tem tudo para ficar, porque também foi aprovada pela população atendida. Segundo a pesquisa, 64,3% dos pacientes não somente aceitam a telemedicina, como gostam da modalidade. Outros 34,4% afirmam que os pacientes aceitam por conta da pandemia, mas não gostam. Apenas 1,3% indicaram que há resistência por parte da população em relação à novidade.

O receio da classe médica em atender a população via telemedicina tem caído à medida que a modalidade é oferecida por cada vez mais profissionais de saúde.

— Comecei a atender online bem no início da pandemia e da telemedicina no Brasil, então não sabia bem como seria. Até então, só tinha feito atendimentos presenciais, nunca tinha nem dado orientação via WhatsApp a meus pacientes — afirma a médica Daniele Viana, especialista em medicina da família, que atende pela empresa de telemedicina Iron Saúde Digital.

Com o tempo, ela percebeu que seria capaz de atender as demandas dos pacientes mesmo com as limitações do contato remoto.

— Mas temos que ter consciência de que nem tudo será resolvido. Conseguimos dar muitas orientações, mas devemos deixar claro ao paciente quando ele precisa de avaliação presencial. No entanto, a telemedicina ajudou a desafogar a demanda dos serviços de saúde, principalmente porque a maioria das demandas dos pacientes não são tão complexas — defende Daniele.

Nos últimos anos, o surgimento de novas tecnologias e plataformas de teleconsulta permitiu aos profissionais da medicina uma opção de atendimento com potencial de ser mais eficiente. Consultas online não apenas evitam o contato pessoal — o que diminui o risco de contaminação, quando ele é alto — como também gera economia financeira para o paciente (que não precisa se deslocar até o consultório ou hospital) e para o médico (que não precisa estar em um ambiente equipado para prestar atendimentos que, às vezes, são apenas para fornecer orientações).

Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital, os números de atendimentos do gênero para casos de Influenza e Covid-19 entre os associados da Saúde Digital Brasil (que representa 90% do mercado de telessaúde) dispararam no período de festas de fim de ano, saltando de 7 mil para 15 mil entre o Natal e o Ano Novo. Já do réveillon até os primeiros dias de janeiro o número ultrapassou os 50 mil atendimentos.

Outro levantamento recente da mesma entidade aponta que 10,2 milhões de consultas online foram realizadas desde o começo da pandemia. O meio mais utilizado pelos pacientes foi o smartphone — são mais de 214 milhões de aparelhos celulares capacitados para acessar internet no Brasil, segundo dados do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br).

Ritmo acelerado
Com a regulamentação definitiva da telemedicina no Brasil — há mais de 20 projetos de lei em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal — e com a evolução das tecnologias de conectividade, a expectativa é que a prática se expanda ainda mais pelo país.

A projeção é de que a chegada da tecnologia 5G, que vai acelerar a velocidade da internet, melhore a infraestrutura para possibilitar o teleatendimento. Além disso, a maior cobertura possibilitará o atendimento e a capacitação profissional em regiões onde esse acesso ainda é precário. Médicos locais poderão contar com a assistência remota de colegas para uma segunda opinião e até mesmo para o auxílio e acompanhamento de procedimentos cirúrgicos.

— Os professores e alunos em formação precisam entender que a transformação digital é a realidade dos médicos brasileiros. Não basta mostrar como usar as tecnologias, é preciso apontar como cada profissional poderá, com seu intelecto e sua compreensão, ajudar a construir a saúde do futuro usando as tecnologias da comunicação e da informação. Com melhor capacitação eles, poderão assistir melhor os pacientes — avalia Luiz Ary Messina, Presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaude (ABTms) e coordenador nacional da Rede Universitária de Telemedicina.

Considera-se como telessaúde os cuidados em saúde feitos à distância e mediados por tecnologia. Ou seja, trata-se de conceito ainda mais abrangente. Os conselhos de psicologia, enfermagem, nutrição, fisioterapia, farmácia, fonoaudiologia e odontologia têm suas regulamentações para orientar profissionais sobre o atendimento aos pacientes.

O aumento acompanhou a alta na demanda da população durante a crise da Covid-19. Segundo um estudo divulgado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), no período, os casos de transtorno depressivo cresceram 90% no país.

Fonte: https://oglobo.globo.com/saude/medicina/telemedicina-cresce-na-preferencia-de-medicos-pacientes-25465501

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